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sábado, 24 de junho de 2023

A DESVALORIZAÇÃO DO FORROZEIRO RAIZ.

 A DESVALORIZAÇÃO DO FORROZEIRO RAIZ.

Por JOSÉ JOAQUIM SANTOS SILVA
( O texto é meio longo mas vale a pena lê-lo).

 




Foto no destaque; Temos Januário o pai de Luiz Gonzaga e sua sanfona de 8 baixos e Gonzagão dançando com uma parceira de óculos)

Meus amigos, à algumas décadas a música genuinamente junina conhecida como forró, vem perdendo espaço, a graça, a essência e o gosto popular principalmente pela juventude hipnotizada sem noção, cheia de bebidas ou drogas e com a mente calcificada por essas bandas de marketing ou falsos forrozeiros.
Confesso, que chega dar uma agonia danada ouvir os acordes desse povo, que veio para exterminar o legítimo forró pé de serra.
Em outras palavras, a autêntica manifestação da cultura do forró está excluida do São João da Bahia e de muitos estados nordestinos também.
As vezes eu pergunto a mim mesmo, se há um reconhecimento de que o Forró Pé de Serra é o ritmo mais puro da nossa tradição junina e que o turismo é uma vertente econômica importante no nosso estado, por que então os gestores da política cultural deixam de fora de suas programações oficiais justamente os forrozeiros pé de serra para contratar bandas mercenárias, milionárias que tocam lambadas e outros ritmos chinfris pré-fabricados para o consumo descartável e estimulam performances que desqualificam a nossa mais valiosa cultura nordestina, e no maior cinismo, se apoderam de hits lentinhos internacionais românticos antigos, e transformam em tranqueiras e lambadas, e haja paciência e ouvidos para suportar essa coisa execrável e hedionda, e os tontos curtindo essa lixarada pseuda cultural.
Graças a esses gestores descompromissados com sua cidade, ou com seu estado, esses novos ritmos criados se proliferaram igual a ratos e baratas para explorar as massas sem noção, associados a outros "carnavais" e carnavalescos que agora tomaram de assalto todos os espaços de raízes do nosso patrimônio cultural da zabumba, do triângulo, do pandeiro, do violão e da sanfona. Assim, esses nutellas excluem aqueles que de fato produzem a cultura, que se preocupam em manter tradições culturais para não perder sua identidade neste mundo globalizado.
Até um tal abominável Chiclete com banana e outros, terrores dos vovôs e vovós da Barra que não conseguem descansar por causa dos seus gritos, urros do Bel e outras dissonâncias até rebolantes abraçaram esse filão também do "pseudo-forró" passando por cima de tudo.
Enquanto isso, os bons e verdadeiros forrozeiros de raízes estilo TRIO NORDESTINO permanecem num estado de penúria com a cuia e pires nas mãos por que? Advinhem !
Mas é claro, se a máfia midiática corporativa os empurra com a barriga.
Vale ressaltar que os forrozeiros pé de serra sobrevivem ou deveriam sobreviver justamente de contratos das festas de São João e, na medida em que são substituídos por essa corja chata sem compromisso cultural, que já têem contratos milionários durante o ano inteiro, no Nordeste, no Brasil e em outros países.
Equanto isso, muitas cidades baianas têm vivido sérias dificuldades financeiras por causa dessa gente.
O dinheiro gasto com essa corja oportunista, daria para construir postos e mais postos de saúde para o povo, ao invés de engarrafar com diversas ambulâncias de várias cidades do interior a porta do nosso super lotado HGE, (Hospital Geral Do Estado) pagar aos verdadeiros forrozeiros "raízes", e sobrava uma porção de dinheiro.
Por que não se corta as asas desse povo e reabre espaço para o TRIÂNGULO, ZABUMBA, PANDEIRO, VIOLÃO E SANFONA?
Até os custos seriam bem menores e não descaracterização os festejos juninos.
É a minha opinião.
Neste sentido, constato aqui duas violências praticadas pela ausência de uma política cultural séria nos nossos municípios: contra a nossa cultura, quando deixam fora dos palcos o nosso tradicional Forró Pé de Serra e os substituem pelos milionários do Axé Music, por ex, e contra a sobrevivência daqueles que efetivamente produzem a cultura que, como disse o Secretário do Turismo, os 89% dos turistas que visitam o São João da Bahia vêm buscar é forrozeiros raízes, com sotaque nordestino do bão e nós, míseros nativos não fazemos nada? Tínhamos é que botar essas bandas prá correr com uma chuva de ovos e tomates podres.
Esses caras de pau deviam que inventar outro nome para porcaria que fazem e deixar a nossa sagrada palavra "FORRÓ" com a gente que tem vocação, ama e sabe fazer FORRÓ de verdade.
Isso sem falar na falta de respeito dessas bandas que apelam e desqualificam a imagem da mulher e ainda gritam para a platéia: "VAMOS VER AS RAPARIGAS TODAS DESSE LADO". É muitíssimo provável que as mães, irmãs, filhinhas, esposas, amigas de alguns destes gestores pouco comprometidos com a cultura estejam lá.
Dou minha cara a tapa se uma dessas "celebridades" citadas se fazem presentes nessa esbórnia.
Lembrando que na cultura do interior nordestino "rapariga" tem um sentido pejorativo, e começa com a letra "P".
Começando na minha linda e grande Feira de Santana. E essas bandas quando o utilizam sabem bem o seu significado. Falta a estes gestores também visão econômica quando desconhece ou não leva em conta o gosto dos 89% dos turistas que preferem o PÉ DE SERRA, não fortalece e valoriza a sua cultura local, não produz seus valores artísticos e não tem compromisso com a identidade cultural do seu povo.
Se Gonzagão mais Dominguinhos fossem vivos, já teriam morrido de desgosto em vista desse ferrugem que destruiu o forró raiz ou pé de serra.
Esse é o meu comentário, não comemoro nenhuma festa junina, sou evangélico, mas não sou morto.
Eu tenho visão e argumentos.
Que essa situação está errada está deveria dar a Cesar o que é de Cesar. Nada a ver essas bandas tocando lambadas e mentindo dizendo que é forró. Eles deveriam tomar chá de "simancol" e saltar fora dessa barca que não lhes pertençe. !!!
Sem mais !!!!

José Joaquim Santos Silva
jjsound45@gmail.com



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